Hoje completo doze anos de namoro com meu marido!
Comecei a namorar o Rafael, meu marido, em 28 de agosto de 2002. Assim começava a história de DOIS amores: o amor pelo meu então namorado e amor por Jesus. Conhecendo o Rafa, conheci a Cristo. O amor pelo meu namorado me levou ao amor por Cristo
Minha história de conversão a Nosso Senhor Jesus Cristo e plena fé em Sua Igreja se mistura com a de ter conhecido o Rafa.
Já nos conhecíamos da internet, mas fui conhecer mesmo o Rafa em 2002, ano em que começamos a namorar, com muita seriedade e sentido de que ele era o homem da minha vida.
Sou batizada católica, ia à Missa quase todos os domingos com meu pai quando era criança em Piratini. Na época, procuramos a responsável pelas aulas de catequese, para crescer na fé, mas nunca dava um horário. Deus talvez não achasse que era a hora. Meu pai parou de ir à igreja, e eu também.
Eu ia vez por outra, pois sentia-me muito bem naquele local, não sabia nem o que era aquele "pãozinho". Nesse meio tempo, frequentei outras religiões, seitas e pratiquei atos de espiritualidade contrários à fé católica. Mexi com muita coisa. Estive muito afastada da Madre Igreja. Foi um momento de busca espiritual muito grande. Estive em um culto luterano, freqüentei centro espírita, cultuei gnomos (essa até eu acho engraçado), fui um pouco Wicca, ia a cartomantes, fazia jogos da caneta, e outras práticas macabras que adolescentes fazem sem se darem conta de com QUEM estão lidando. Li muito literatura espírita e outras coisas, mas que hoje me servem para tentar entender e ajudar os outros irmãos que, assim como eu estava, estão perdidos na fé. Por volta de meus 18 anos passei a duvidar de tudo e não crer em nada, inclusive por muitas vezes duvidei até da existência de Deus. Apesar de Ele me mandar sinais muito evidentes os quais só hoje eu enxergo.
Saltemos mais para frente.
Eu tinha 21 anos, e conheci um rapaz muito querido, o Rafael, por quem logo me apaixonei. Ele ia à missa, tinha um grupo de guris que se reuniam para rezar e não para trair as namoradas. E ele rezava muito. No começo estranhei. Aí, ele começou a me convidar pra ir à missa, eu ia. Não custava agradar esse guri tão querido que fazia tudo por e para mim. Saímos algumas vezes para um barzinho, ou para jantar, bebíamos um pouco, conversávamos, tudo muito saudável. Nem com essa vida louca de hoje em dia, dos jovens que só querem festear, mas também nada muito carola: era um rapaz católico, piedoso, de oração, que buscava a santidade, conhecedor da doutrina cristã, e normal, que tinha amigos, que fazia festa (com equilíbrio, sem excessos), ouvia música, curtia cinema, tomava cerveja, vinho etc.
Em seguida, o Rafael, já então meu namorado, me apresentou suas amigas, umas meninas que eram do mesmo movimento de Igreja dele, o Regnum Christi, e que também iam à missa etc. AMEI-AS, queridíssimas, direitas e conservadoras como eu, finalmente eu me encaixava num grupo como uma luva. Aliás, duas delas são hoje madrinhas de nossos filhos!
Deus me preservou, nunca fui como a maioria das outras meninas de minha idade. Sim, apesar de não ser cristã, de não ter muitos claros os valores espirituais que depois abracei, eu era algo raro para os nossos tempos: virgem! Não que fosse um patinho feio. Pelo contrário, embora não me ache a mulher mais linda do mundo, sei que tenho lá meus encantos hehehe, e já tive outros relacionamentos, e vários pretendentes.
Quanto às questões doutrinárias e espirituais que ia descobrindo nessa fase de conhecimento do amor a Jesus e da fé cristã, é claro que não aceitava tudo passivamente - pobre Rafa, quase morria quando eu o enchia de questões e até ataques à Igreja. Coisa que a maioria da população engole da mídia e das "aulas" e livros e reproduz: Inquisição, ouro nas igrejas, padres mal-intencionados, essas coisas.
Mas sempre fui e procuro ser uma pessoa aberta à discussão. Considero burrice ou infantilidade a postura daquele que finca pé e diz não estar disposto a discutir. Mas para minha sorte o Rafa nunca fugiu da discussão . Nem preciso dizer quem ganhou o debate, graças a Deus (se bem que não fui "facinha" pro seu Rafael, não, nem pra Deus).
Eu fui "carne de pescoço" com o Rafael muitas vezes, mas, com paciência, amor e muita caridade, ele foi me ajudando a me modificar naquilo que eu precisava. Claro que teve momentos em que brigamos feio. Houve uma vez que de tanto brigarmos na minha época de início de caminhada cristã que ele ficou "proibido" de falar comigo um tempo para o bem dos dois e da relação, e aí eu só conversava com o padre que me dava direção espiritual. Mas no geral, o meu catequista (o próprio Rafa) foi excelente.
Sua paciência comigo, o jeito bem arrumado de se vestir, a cultura dele, a inteligência, a lógica na argumentação (que, por vezes, é dura e me deixa irritada), o modo como ele demonstrava amor e paixão por mim sem vergonha alguma, o fato dele ser romântico e muito cavalheiro, me deixaram apaixonada. Até hoje ele sempre abre a porta do carro para mim, deixa eu passar primeiro, só começa a comer quando eu como, fala com os garçons no restaurante para fazer meu pedido, me protege, assume suas funções de marido e pai. Sempre vi que daria um ótimo esposo e pai de nossos filhos.
Realmente, o amor do Rafael por mim me levou a perceber o amor de Deus também por mim. E o meu amor pelo Rafael me levou a querer amar o Cristo que ele também amava.
Convencida pela razão, logo fui tocada pela fé e experimentei o amor de Deus na dor de seu Filho, no Solene Ato Litúrgico de Sexta-Feira da Paixão, celebrado com todo o rigor litúrgico pelo Pe. Darvan da Rosa, então formador no Seminário de Pelotas e hoje pároco em Piratini, onde moramos, e quem batizou a Maria Antônia, nossa primogênita.
Nesse entremeio, já tinha sido apresentada a um sacerdote legionário de Cristo, Pe. Salvador Calderón, LC, por quem tenho um imenso carinho, comecei a fazer direção espiritual com ele e quando me vi já estava no Regnum Christi e confessando a Cristo, mediante esse sacerdote, todos os meus pecados e minhas iniquidades, que tanto me separavam do imenso amor de Deus por mim. Aí, fiz minha primeira Comunhão com 24 anos.
O Rafael continuou presente em minha vida nos momentos mais importantes, inclusive na maior parte da faculdade de Direito (ele tinha um interesse especial nisso, uma vez que quando eu o conheci, ele já tinha se formado em Direito também e era advogado). Ficou ao meu lado na preparação da minha monografia final de curso e esteve comigo na minha formatura em 2006. Católica que já era, em plena convicção, lutei sempre para que as solenidades de formatura, que terminariam em um sábado com a colação de grau, iniciassem na sexta não com um vazio culto ecumênico - que acaba sendo sem sentido quer para católicos quer para evangélicos -, mas com a Santa Missa.
Confirmei minha fé pela Crisma em 2008, por uma especial concessão do então Bispo de Pelotas, D. Jayme Henrique Chemello, que aceitou me crismar individualmente em uma Missa no Carmelo, pouco antes de eu me casar.
O Rafael foi meu padrinho e a Rosane Mito, amiga até hoje, minha madrinha.
Enfim, em outubro desse mesmo ano, nos casamos, em uma Missa cantada em latim pelo Pe. Federico Juárez de la Torre, LC, na Catedral Metropolitana São Francisco de Paula, em Pelotas. Iniciamos, então, a nossa Igreja doméstica, diante de Deus, consagrando nosso lar a Ele.
Fizemos festa, tivemos lua-de-mel em Buenos Aires (e conseguimos ter Missas quase diária por lá, que foi uma graça especial de Deus para nós), e seguimos em breve para Itaqui, a primeira lotação do meu marido como delegado de Polícia (nos casamos em outubro e ele terminou o curso de formação de delegado na Academia de Polícia em dezembro).
A Missa de casamento durou mais de três horas, em latim, embora no rito moderno, com bastante incenso, gregoriano e polifonia. Um coro gregoriano acompanhou, vários acólitos e um cerimoniário.
Algo especial no nosso casamento foi ter recebido, após a celebração litúrgica, uma bênção especial do Papa Bento XVI, emoldurada num lindo quadro, e termos nos consagrado, como casal, a Nossa Senhora de Guadalupe (aliás, a lembrancinha da festa de casamento foi um bem-casado com uma medalha dela).
Conseguimos, com a ajuda da maravilhosa graça de Deus e com nosso esforço por sermos fiéis a Ele, nos conservar virgens até o casamento. Não foi fácil. Os apelos da carne, as seduções do mundo e as tentações do demônio foram fortes, mas ao fim a graça venceu e pudemos nos entregar um ao outro na lua-de-mel após termos nos guardado na castidade para a Sua glória.
A preparação para o casamento foi um momento especial para encontrar a Cristo, vencer a carne, o mundo e as tentações do demônio, aprendendo a contar com a maravilhosa graça de Deus!
É muito engraçado quando se tem uma vocação e se está prestes a cumpri-la, como no noivado. As tentações que sofremos são enormes. Mas é tudo muito bonito, como me disse o Pe. Marco Cho, LC, um ex-diretor espiritual coreano que tive: o noivado é um período que se assemelha ao noviciado das ordens religiosas, deve ser muito curtido e aproveitado, recebendo boa formação humana, intelectual e espiritual. É um tempo de crescimento muito forte.
Havia, sim, muitas pessoas tentando me desanimar, dizendo que casar é um horror e indagando como eu vou largar tudo para seguir marido, que isso é um absurdo, etc... São pessoas frustradas, sem uma espiritualidade e sentido de sacrifício e doação. O que me surpreendeu era a quantidade de casais novos que vinham me dar força, dizer o quanto é lindo o matrimônio. Muitos achavam que era doida quando dizia, já naquela época, que queria família grande. Ora, não era tanto questão de eu querer, mas de Cristo querer. Fazemos o que Ele manda. Queremos porque Ele quer. E somos felizes porque fazer a vontade d'Ele nos faz feliz, e os Seus planos nos garantem a felicidade no céu e também uma certa antecipação aqui na terra. Sou, então, plenamente realizada com meus quatro filhos, um deles na minha barriga esperando para nascer. Se antes achavam que eu era louca, agora muitos têm certeza. A Cruz de Cristo, já nos dizia São Paulo, é loucura para os que se perdem.
Divertia-me com a reação das pessoas, procurava levar tudo no bom humor, às vezes dava uma de Pollyana e fazia o jogo do contente. Acredito que irradiando alegria com meu matrimônio e minha paixão pelo Rafael ser notada a 300km de distância as pessoas se contaminam, se contagiam pelo amor.
A vocação ao Matrimônio se consolidou no momento em que conheci o Rafa. Ele é o presente mais lindo de Deus. Para ele eu devo não só a minha paixão, mas a minha conversão. E mais, me apresentou um Homem por quem ele sabia que inevitavelmente eu me apaixonaria infinitamente mais do que por ele: Jesus Cristo. Sou a mulher mais feliz do mundo tendo o Rafael por marido e com os presentes que Deus nos deu: nossos lindos filhos!
As mulheres perderam seu lugar como tal, mas um dia recuperaremos. Os apostolados para as mulheres são de vital importância, pois até dentro da Igreja, infelizmente algumas ainda precisam de formação. Temos que entender q tem diferença entre feminilidade e frescura. Saber se vestir, se portar, falar, é uma questão de educação e uma expressão de caridade cristã. Ser Mulher hoje é complicado, pelo apelo da mídia e do mundo em geral, que tentam fazer de nós apenas um corpo, ou um outro homem disputando território.
A mulher é o alicerce da casa, da família. E a família é o da sociedade. Logo, cabe a nós, mulheres, a árdua tarefa de sustentar os pilares da sociedade. Pois, se o homem é a cabeça, somos o pescoço e, elo de ligação entre ela e o resto do corpo, a movimentamos para onde ela deve estar e direcionamos seu olhar para o rumo certo, bem como a deixamos erguida.
A força da mulher está dentro dela, em seu coração, mas este só servirá como uma mola propulsora se estiver cheio de Deus. Foi só assim que Nossa Senhora e Santa Maria Madalena conseguiram ir até o fim, pois tinham seu coração impregnado da verdade.
Procuro me espelhar no maior modelo de mulher que já existiu: Nossa Senhora. Se eu conseguir chegar, qualquer dia no "pedaço-da-unha-do-dedinho-minguinho do pé dela", serei a mulher mais feliz do mundo. Meu santos de devoção são primeiramente a Santíssima Virgem (é claro), minha santinha amada que é Santa Teresinha, Santo Antônio (santo da família) e passei a venerar muito Santa Josefina Bakhita. Santa Teresinha é a padroeira de nosso namoro e casamento.
A alegria de realizar minha vocação de casar com o melhor homem do mundo (depois de Jesus Cristo, é claro!), de ter filhos, é maravilhosa. Seja para onde formos, estejamos onde estivermos, com o amor que eu tenho e a fé que professo, sei que sou capaz de tudo se estiver ao lado desta minha família, pois lutaremos sempre para fazermos de nosso lar como o da Sagrada Família.